Ao longo da História, a Humanidade tem sido confrontada com a difusão de doenças infeciosas, causadas por vírus e bactérias que marcaram a I fase da Transição Epidemiológica, gerando elevada morbilidade e mortalidade. A tecnologia de transporte, contextos políticos e o comércio internacional, contribuíram para a emergência de doenças à escala global.
      A história do(s) coronavírus começa em 1965 quando Tyrrell e Bynoe identificam o agente em culturas de traqueia embrionária humana (B814). Mais recentemente, já no século XXI, o primeiro caso de uma pneumonia atípica (SARS) surgiu em Guangdong, no sudeste da China em novembro de 2002. Identificado na Ásia, rapidamente se propagou pela América do Norte e do Sul e pela Europa. Até julho de 2003 atingiu 29 países e regiões, com cerca de 8000 infetados e 774 mortes.
      Mais recentemente, o ano de 2020 ficará marcado na memória mundial como o ano da eclosão e difusão à escala global da pandemia por SARS-CoV-2. A sua propagação rápida e intensa, colocou em causa a sociedade globalizada, os seus modos de vida e as suas interdependências, com impactos sociais, políticos e económicos cuja dimensão ainda não está bem determinada.
      Para além deste surto pandémico, no presente, a Medicina de Catástrofe tem sido convocada a prestar auxílio e a encontrar soluções na sequência de múltiplas situações adversas para os seres humanos, geradas por fenómenos climáticos excecionais, sismos, conflitos bélicos, catástrofes ambientais de causa antrópica, cujo impacto e modo de intervenção urge discutir, envolvendo especialistas de diversas áreas, sejam académicos ou operacionais, com o objetivo de partilhar boas práticas, discutir políticas e meios de atuação amplos e diversos, capazes de responder à gestão e prestação de cuidados polivalentes em cenários de multivítimas.